terça-feira, 30 de outubro de 2007

Propaganda - Anorexia (clique aqui para ver o vídeo)

Propagandas como essa são chocantes, ainda mais quando mostram anomalias reais, mas são necessárias para chamar a atenção dos pais e dos adolescentes sobre alguns sintomas da anorexia e, principalmente, sobre como o doente se sente. Nas últimas semanas, uma campanha na Europa utilizou imagens de impacto em outdoors com o mesmo objetivo. Esse tipo de publicidade também é encontrado nos maços de cigarro em que são publicadas fotos de pessoas doentes. Essas fotos vão completamente contra as antigas propagandas das indústrias do tabaco que mostravam pessoas lindas e saudáveis fumando. Claro que, no caso do cigarro, o governo obriga que essa publicidade seja utilizada. Em todo caso, podemos perceber o uso da publicidade com um foco diferente, não aquele com o objetivo de vender um produto, mas, sim, o de levar informação de utilidade pública.

Escrito por Leandro Diniz Rodrigues

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Breve história da publicidade no rádio (clique para ver o texto na íntegra)

Desde sua inauguração oficial no Brasil o rádio teve como característica ser um meio de elite, não de massa. Nos primórdios do rádio, ouviam-se óperas, que eram executadas a partir de discos emprestados pelos próprios ouvintes. Além disso, eram apresentados recitais de poesia, concertos e palestras culturais. Mas, foi a partir de 1931 – nove anos depois de sua implantação no Brasil - que o rádio começou a ser transformado. Neste ano, surgiu o primeiro decreto lei que se preocupava com o rádio. Nesta época, apesar de proibidos, os “reclames” – como eram conhecidos os anúncios daquele tempo – já existiam para tentar garantir a sobrevivência do meio. Foi somente no dia 1º de março de 1932 que a publicidade foi permitida no rádio brasileiro, por meio do Decreto 21.111. Durante a década de 30, o Governo demonstrou certa preocupação com este novo meio de comunicação, que passou a definir como “serviço de interesse nacional e de finalidade educativa”(ORTRIWANO, 1985, pág. 15).Somente a partir do decreto 21.111 a propaganda no rádio foi normatizada e limitada em dez por cento da programação da emissora. Estes valores posteriormente foram alterados para 20%. Atualmente a propaganda pode ocupar até 25% da programação de qualquer emissora comercial.A criatividade na produção dos comerciais veiculados na época também era uma característica que ajudava na luta por anunciantes. Frases bem humoradas já eram consideradas como bons anúncios para os clientes. Somente no estado de São Paulo, se o anunciante colocar a sua propaganda em todas as emissoras AM´s e FM´s, com 7 dias de veiculação ele atingirá 96% da população com mais de dez anos de idade, como mostra o gráfico abaixo (barras verdes representam o público feminino, marrons representam público masculino, e as rosas representam o total de ouvintes). Porém, apesar de seu alcance, temos hoje no rádio uma mídia marginalizada por agências e anunciantes. Trata-se de uma veiculação significativamente mais barata do que a televisão e com um custo de produção bastante inferior se comparado ao de uma peça para TV. Fica então a pergunta: Por que não publicar no rádio?
Texto de Roberta Baldo
adaptado por Willian Henrique Vasconcelos

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Restrições na Publicidade de Bebidas Alcoólicas

O mercado de bebidas anda agitado por causa de medidas que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pretende transformar em lei em breve. Essas restringirão a propaganda de bebidas alcoólicas, similarmente ao que aconteceu ao cigarro há sete anos atrás, porém inicialmente apenas na televisão no horário de 8h às 20h. Essa medida não se aplicará apenas a cerveja, mas a toda bebida que ultrapassar um teor de álcool de 0,5 graus; sendo que hoje bebidas com teor superior a 13 graus, como o uísque, já são proibidas das 6h às 21h. O argumento para essa limitação se baseia em que esse tipo de publicidade influencia crianças e adolescentes a consumirem bebidas alcoólicas. Além disso, essas discussões fazem parte atualmente dos temas de discussão da Organização Mundial de Saúde (OMS) e motiva reuniões, como a que aconteceu em Valência, Espanha, no dia 7 de maio. Nesse sentido, foi criado um site denominado “Movimento Propaganda Sem Bebida” – link: http://www.propagandasembebida.org.br/ - liderado pela Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, da Universidade Federal de São Paulo – EPM/Unifesp) e pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). Nele existem duras críticas e dezenas de informações alarmantes sobre o problema, além de um Manifesto e mais informações sobre campanha. Já o Sindicato dos fabricantes de Cerveja tenta rebater incisivamente, por causa da representatividade desse instrumento para as vendas seu produto. Essa indústria investe hoje, aproximadamente, meio bilhão de reais com propagandas. Além disso, patrocina atividades variadas, como os campeonatos de futebol que são geralmente televisionados no horário que seria proibido, e programas de televisão que possuem público, como os de mesas redondas sobre futebol que também passam em horários incompatíveis. Assim como a indústria do cigarro teve que aprender, a de bebidas alcoólicas também terá que fazê-lo para continuar, já que disse recentemente o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, "O governo entende que a ANVISA tem respaldo legal para tomar essa decisão e nós vamos tomar”.
Escrito por Nicole Foureaux

Comerciais durante programas esportivos no rádio e TV geram polêmica

Atualmente, está acontecendo um debate em torno do papel do jornalista e do jornalismo esportivo no mundo da publicidade. A grande questão é: é possível praticar jornalismo independente, de qualidade, exercendo simultaneamente a função de garoto-propaganda? É possível entrevistar um cartola retrógrado e ao mesmo tempo tecer loas a uma lâmina de barbear, sem alterar o tom e a entonação da voz? Como noticiar que um determinado empresário foi preso por estelionato se minutos antes o jornalista deu um testemunho, no ar, a respeito das qualidades dos produtos da empresa que pertence ao acusado? Dá para acreditar nas informações de jornalistas que elogiam sapatos, latas de tintas, planos de saúde e palhas de aço com a mesma desenvoltura com que comentam os lances polêmicos da rodada?
Em 2004, após quatro anos trabalhando no programa Bola na Rede, da RedeTV!, Juca Kfouri foi demitido por continuar se recusando a fazer anúncios testemunhais e merchandising durante o seu programa. Foi imediatamente substituído por Roberto Avallone, recém-demitido da TV Gazeta, onde apresentava o programa Mesa Redonda. Avallone foi substituído no Mesa Redonda por Flavio Prado, que estava comandando o Cartão Verde, na TV Cultura. Prado, um jornalista conhecido pelo comedimento com que falava de produtos comerciais na televisão, agora se diz disposto a abraçar o merchandising por não ver outra opção no horizonte. Ele foi substituído no Cartão Verde justamente por Kfouri, que prossegue com seu compromisso de não misturar informação com publicidade em hipótese alguma.
O jornalista Milton Neves, apresentador do Terceiro Tempo, na Rede Record, é hoje, do ponto de vista comercial, o mais bem-sucedido jornalista esportivo brasileiro. Neves também é contratado da Rádio Jovem Pan, escreve no jornal Agora, na revista Placar e apresenta um programa na TV Assembléia, em São Paulo. Além disso, é dono de uma agência de publicidade, chamada Terceiro Tempo. Ele está processando, na Justiça, vários colegas ilustres, como José Trajano, da ESPN Brasil, e Jorge Kajuru, da TV Bandeirantes. Seu mais recente embate é com Juca Kfouri. Todas as brigas, de certa forma, estão relacionadas a críticas feitas a Neves pela mistura que faz de jornalismo com propaganda.
A confusão entre jornalismo e publicidade atingiu tal ponto nos programas esportivos que a MTV brasileira criou uma atração destinada a parodiar a situação. Rock & Gol, apresentado por Paulo Bonfá e Marco Bianchi, ri dos trejeitos dos “apresentadores-camelôs” e da própria noção de merchandising. Explica Zico Góes, diretor de programação da MTV: “Ao pensar numa paródia de um programa de futebol, era natural que aparecessem elementos característicos da mesa-redonda, e o merchandising é muito característico. Você se inspira no Avallone, que pára uma discussão sobre futebol para falar de um calçado.” Ao longo do programa, Bonfá e Bianchi comem e alardeiam as qualidades de um amendoim da marca “joãoponês”, fictícia, e emendam na propaganda de uma batata frita real. A brincadeira deu tão certo que a emissora chegou a ser sondada por uma empresa sobre a possibilidade de trocar o “joãoponês” por um amendoim de verdade. “Não foi muito à frente, mas confesso que se tivesse uma empresa que falasse: ‘Em vez de joãoponês vocês fazem com o meu’, e se a gente pudesse continuar tirando sarro, eu toparia.”, afirma Góes.
A visão oposta a essa é a da defesa intransigente da separação clara entre o que é jornalismo e o que é publicidade. É a posição que, além de Juca Kfouri, adotam publicamente figuras como Armando Nogueira, José Trajano e Jorge Kajuru, os três atuando, de formas diferentes, no jornalismo esportivo da televisão brasileira.
Também é a posição que o ex-jogador, médico e hoje analista de futebol Tostão, colunista da Folha de S.Paulo. Ele lembra que um dos motivos que o levaram a desistir de comentar partidas de futebol na televisão foi o constrangimento diante das mensagens comerciais que seus colegas falavam durante as transmissões. “É curioso que isso existe, e ninguém fala nada, também no rádio. É uma coisa a ser discutida”, observa Tostão. “É demais. Cada frase, uma propaganda. Acho isso ruim. Não devia existir no rádio”, defende.
No mundo do rádio, a confusão entre jornalismo e publicidade parece ainda maior do que na televisão. E não apenas no segmento do jornalismo esportivo. Jornalistas de outras áreas também fazem testemunhal, publicidade, falam o slogan do patrocinador no ar e recebem por isso. Em grandes rádios de São Paulo, os repórteres, jornalistas conhecidos e âncoras de programas anunciam o slogan dos patrocinadores dos programas ao final da notícia que narram. Há até casos em que os âncoras vendem publicidade e a manutenção do programa no ar depende da venda de anúncios para o horário.
Um caso peculiar nessa disputa é o da Rede Globo. Na questão do merchandising em programas jornalísticos ou praticado por jornalistas, a política é clara. “É norma da casa. Não pode participar”, diz Luís Erlanger, diretor de Central Globo de Comunicação. É verdade que há exceções à regra. Galvão Bueno e Arnaldo Cezar Coelho já fizeram merchandising explícito para um restaurante, em São Paulo, durante o programa Bem Amigos, no canal pago SporTV, da Globo. Mas, de um modo geral, a regra é clara, diz Erlanger: “Imagine um jornalista anunciando um produto que amanhã é objeto do jornalismo da casa. É inconcebível! Ele está anunciando um apartamento e amanhã a gente descobre que o financiamento é furado. É um conflito de interesses.”
Confrontado com a posição da Globo, Milton Neves reage à sua maneira: “Parabéns para a Globo. A Rádio Joven Pan não pensa assim, a Rádio Bandeirantes não pensa assim, a TV Record não pensa assim”
José Trajano teme que os jornalistas que se posicionam contra o merchandising e contra a postura de Milton Neves e companhia estejam ficando em minoria. E faz um alerta: “Eu tenho medo de que isso se alastre cada vez mais e que as novas gerações achem normal, já saiam da faculdade tendo como referência esse tipo de coisa.”
Texto de Maurício Stycer
(publicado na Revista Carta Capital edição 266)
adaptado por Priscilla Oliveira do Carmo
Links com exemplos de publicidade nos programas esportivos: