sexta-feira, 27 de junho de 2008

Publicidade precisa de novos conteúdos e interatividade na internet, dizem executivos

BRASÍLIA - A internet no Brasil, mesmo com audiência de mais de 40 milhões de pessoas, ainda tem apenas 3,2% do bolo publicitário nacional. Nos Estados Unidos, a relação é de 10%; na Inglaterra, de 13%; e na União Européia varia entre 8% e 11%. A necessidade de inovação nos conteúdos e de maior interatividade é tema do evento que acontece nesta quinta-feira, em Brasília. Realizado pela Associação de Mídia Interativa, atual IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau Brasil), o evento contou, entre os convidados, com o presidente do Internet Group do Brasil (iG), Caio Túlio Costa, o presidente da IAB no Brasil e diretor do Portal Terra, Paulo Castro, e a diretora do Ibope/NetRatings, Fábia Juliasz. De acordo com o presidente do iG, o grande problema para o crescimento do mercado publicitário na internet é uma espécie de conformismo das agências de publicidade e da própria indústria que têm pautado suas ações do que ele chamou de “velha mídia”. Sinal desta prática seria, por exemplo, a preferência para a publicação de anúncios em revistas em detrimento da internet. Dados apresentados por Caio Túlio mostram que pelo menos 92% dos internautas acessam os portais de conteúdo e serviços, em que o preço de banners é “infinitamente inferior” ao valor pago para a propaganda em revista. “Com banners no iG, no Terra e na Globo.com, o anunciante atinge 40 milhões de pessoas. Se comprar uma página na revista, em um cálculo otimista, atinge 10 milhões. Paga-se mais que o dobro para atingir quatro vezes menos pessoas”, disse. Outro problema para o crescimento do mercado, segundo Caio, é a transposição do conteúdo das mídias tradicionais para o meio interativo. Ele alertou que somente as empresas que se deram conta do potencial interativo da internet estão se destacando nesta forma de comunicação. “Não adianta vender um banner bonito, que leve para site que não tem vocação para a interatividade. Por que os bancos e as concessionárias não saem da internet? Porque entenderam que o home banking custa dez vezes menos que um cliente na agência e que um carro é todo escolhido pela internet. O consumidor só vai à concessionária para fechar a compra”, explicou. Caio Túlio Costa destacou ainda que os públicos A e B, principais leitores da mídia imprensa, estão 100% incluídos na internet e, além do alcance deste público, ainda existe a comunicação com as classes C, D e E, que hoje representam quase 50% dos internautas. Esta crescente participação das classes C, D e E na internet fez com que o meio se tornasse o segundo mais abrangente no país, perdendo somente para TV aberta. Cenário positivo Quem também criticou a pequena participação do mercado publicitário na internet foi o diretor geral do IAB, Paulo Castro, alegando existir uma grande disparidade entre a presença do meio no País e os 3,2% de participação no bolo dos anúncios. Apesar disso, ele traçou um cenário otimista para os próximos anos. De acordo com os cálculos do IAB, a fatia publicitária na internet deve crescer ininterruptamente nos próximos anos. Para 2008, por exemplo, a perspectiva é que o meio abocanhe 3,5% do mercado publicitário, passando de R$ 527 milhões aplicados em 2007 para R$ 712 milhões ao término deste ano. O evento também contou com a participação de Silvia Sardinha, diretora da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal, e Márcio Nascimento, diretor de Marketing do Ministério do Turismo, para apresentar as estratégias de comunicação do governo na internet.
26/06 - 12:20, atualizada às 12:23 26/06 - Severino Motta - Último Segundo/Santafé Idéias